sábado, 16 de março de 2024
sexta-feira, 12 de janeiro de 2024
Oração
Ferida demais
procuro a Deus
Volto para traz
nos baços Teus
O corte foi duro
estou arrazada
Dói bem fundo
Quero ser curada
O ímpeto tormento
A recompeça distante.
É o que sinto no momento,
Difícil seguir adiante.
Ilumine minha mente,
leve-me nos braçs Teus.
Acabe com a confusão
junto de Ti, Deus
(Cláudia Elisabeth Ramos)
domingo, 31 de dezembro de 2023
quinta-feira, 7 de dezembro de 2023
quarta-feira, 22 de novembro de 2023
Crônicas
Série "Crônicas de Guerra"
Bebedeira
Era
noite e eu estava amarrado por um arame farpado a um poste de uma cerca. Estava
com uma mordaça na minha boca, feita por um trapo velho. Tinha um arame farpado
que me sufocava enrolado a minha garganta ao moerão. Com o canto do olho vi meu
amigo Johnson. Johnson era um soldado como eu afrodescendente, forte, alto e
bonito. Ele estava como eu, enrolado com o arame farpado no outro poste da
cerca. Tanto eu quanto ele estávamos espancados.
A cerca
ao qual estávamos presos era à beira de uma estrada de areão. Vi passando pela
estrada a nossa frente nossos colegas Flores, Hart e Brian. Hart era branco de
cabelos castanhos e olhos verdes, seu nome é fictício. E Brian era branco, de
cabelos e olhos castanhos. Seu nome também é fictício. Os três iam passando sem
nos verem. Eu desejava gritar pedindo socorro, mas não tinha como. Fiquei
torcendo em pensamento para que um deles olhasse na nossa direção. E quem fez
isso foi o mexicano. Ele olhou para nós sem acreditar no que via.
– O
que é isso? – perguntou ele para os outros dois.
Hart
e Brian olharam. Quando se aproximou de nós é que Flores nos reconheceu.
–
Irving? Johnson? – e correu em nossa direção.
Os
dois outros colegas também vieram. Os três chegaram a nós e foram nos
desamarrando, ligeiros, desenrolando os arames. O mexicano veio em mim e Hart e
Brian em Johnson. Eles ainda não tinham tirado todo o arame farpado do redor de
nós quando tiraram as nossas mordaças.
– O
que aconteceu? – perguntou Flores para nós dois enquanto nos desenrolava.
Eu
não recordava de nada. Johnson passou a falar furioso:
– A
culpa toda foi do irlandês, aí! Ele agarrou e beijou uma garota com o namorado
no lado e ainda disse um monte de besteiras para ela e o namorado. O namorado
dela reclamou. O irlandês achou-se ainda com o direito de dar um soco nele. O
homem lutava como um louco e passou a dar uma surra no Irving – deve ter usado
alguma arte marcial. – Eu tentei fazer o homem parar, e defender esse infeliz
aí. Só que ele estava com um grupo de amigos. Eles acabaram batendo em nós dois
e fizeram isso conosco.
Tive
dificuldades de acreditar em tudo aquilo que Johnson disse. Quando estávamos
totalmente soltos, questionei para ele:
– Eu
fiz isso mesmo? Não me lembro de nada!
–
Claro que não lembra! Estava bêbado.
Eu
comecei a rir e o mexicano também. E acabou todos nós rindo, até mesmo Johnson.
Depois, Johnson pediu para Flores, Hart e Brian:
– Não
contem nada pros nossos superiores.
Tanto
eu quanto ele sabia que se descobrissem que nós fizemos arruaça na cidade
seríamos punidos. Os três garantiram que não iam contar nada.